Estamos diante do inimaginável.
O Brasil passa por um dos momentos mais bizarros de sua história. Chegamos a um ponto em que a hipocrisia se materializou e pode ser vista, pairando sobre nossas cabeças.
Vemos, como em um filme "B" de terror, zumbis saindo de suas covas, cobertos de roupas rasgadas e trazendo de volta as bulas da inquisição.
De um dia para o outro o Brasil deixou de ser um país laico e aqueles que não obedecem os preceitos religiosos são lançados às fogueiras da inquisição, que desta vez foram montadas nas avenidas dos grandes centros urbanos, com transmissão ao vivo no horário nobre.
Hoje os inquisitores estão em maior número do que eram no século XV. Hoje, o balcão de estiramento, a máscara da infâmia e a cadeira das bruxas foram substituídos pela mídia eletrônica e escrita, muito mais cruéis e com efeitos muito mais abrangentes. Hoje a tortura e a morte são feitas em massa, condena-se todo um país de uma só vez.
Os inquisidores de nossa época não são apenas católicos e, na verdade, muitos deles não são nem mesmo cristãos. Aqueles que se dizem as maiores vítimas da inquisição, hoje torturam e condenam, porém com equipamentos mais modernos e com maior rapidez que Torquemada ou Portocarrero. Não existem mais os julgamentos, não existem mais os interrogatórios, não existe mais sequer um resquício de moral, nem mesmo uma encenação de tribunal para justificar o injustificável.
Não temos mais um único "Inquisitor generali", o cargo foi outorgado a milhares de carrascos que julgam e executam as sentenças, baseados em fofocas, desejos pessoais e em afirmações feitas até por criminosos comuns.
As "bruxas" de Salem viveram dias melhores. Contra elas estava apenas um inquisidor, o "santo inquérito" durou um ano e "apenas" vinte pessoas foram condenadas.
Nossa situação é bem pior. Vemos a condenação sumária de dezenas de pessoas, com a publicação imediata da sentença nos jornais, nas revistas e na mídia eletrônica, muitas vezes ao vivo!
O texto publicado por Reinaldo Azevedo em seu blog veio com o selo de cera da inquisição. Ao comentar em seu blog, o qual ele mesmo diz ser de "análises políticas" o fato de Dilma haver feito o sinal da cruz de forma incorreta, Azevedo, confirmando o que temos visto nos últimos meses, se envereda pelo pântano que se forma quando se mistura religião e política.
O radicalismo religioso, tão condenado por estes mesmos "neo inquisidores" é recriado em uma versão oportunista e criminosa, onde se unem católicos, judeus e evangélicos, no entanto sem a presença de muçulmanos, justo eles que são constantemente rotulados de "radicais".
Assistimos ao maior espetáculo de hipocrisia, desde a "A Marcha da Família com Deus pela Liberdade" a qual acreditávamos haver sido o alge do retrocesso e a maior demostração do desejo de uma elite burra de impor uma religião sobre o estado.
Estamos em um caminho perigoso. Um caminho que interessa a poucos, mas não é benéfico a ninguém pois, em pleno século XXI, todos estamos cansados de ver as guerras que aconteceram e que ainda acontecem, quando uma crença religiosa tenta se sobrepor a liberdade e a razão.
Airton, contra a "guerra santa" somente a Guerra Certa, a da verdade!!!
ResponderExcluirO único problema é que os da Guerra Certa, sao pacíficos, jogam limpo e aceitam o resultado desta guerra. Já os da "guerra santa" possuem ódio no coraçao(??), jogam sujo e pesado e jamais aceitam a derrota/vitória do adversário..
Meu caro, eu não tinha idéia do quanto nossa sociedade era atrasada... Sempre soube que brasileiros eram hipócritas, mas jamais passou pela minha cabeça que parte da nossa sociedade fosse tão estúpida, tão atrasada. Logo, logo vão querer revogar a lei do Divórcio e a do voto das mulheres. Em seguida, serão as crianças a voltarem para o chão de fábrica. O que vai chegar primeiro: 1850 ou 1550???
ResponderExcluirE nós, progressistas, faremos o quê? Será que poderemos pedir asilo político em alguma Escandinávia?